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Feira do Sementes - Evento online espalha as sementes da quebrada

Na 1ª edição do curso SEMENTES DA QUEBRADA, conversamos sobre temas que envolvem os sistemas alimentares e sobre a importância da agroecologia e da agricultura familiar na luta pela soberania alimentar. Refletimos sobre consumo e sustentabilidade, sobre desperdício de alimentos e compartilhamos saberes e práticas ecogastronômicas. Ao longo de 11 semanas, além de muito conteúdo, também colocamos em prática todo esse aprendizado, por meio de laboratórios de projetos.


Nesses laboratórios, incentivamos a construção e a potencialização de projetos em grupos inspirados pelas aulas do curso. Os resultados dos trabalhos desenvolvidos foram expostos no evento virtual Feira do Sementes. Em um momento de trocas e celebração, contamos com convidados especiais e com incríveis apresentações. Você pode conferir a gravação aqui.




A jornalista Cíntia Marcucci, integrante da equipe de gestão do FUA - Fundo Agroecológico e da diretoria do Fundo FICA. Cíntia estuda Gastronomia, História e Cultura e, em sua fala de abertura, trouxe um trecho de um texto de George Orwell que traz a importância da comida para a história da humanidade e como essa importância é pouco reconhecida.


O ser humano é um saco para pôr comida dentro, as outras funções e faculdades podem ser mais divinas, mas, na ordem do tempo, vêm depois. Um homem morre, é enterrado e todas as suas palavras e ações são esquecidas, mas o que ele comeu sobrevive nos ossos saudáveis ou frágeis de seus filhos. Acho que seria plausível afirmar que as mudanças de dieta são mais importantes do que as mudanças de dinastia ou até de religião. A Grande Guerra, por exemplo, jamais teria acontecido se o alimento enlatado não tivesse sido inventado. E a história dos últimos quatrocentos anos na Inglaterra teria sido imensamente diferente não fosse a introdução de plantação de tubérculos e de várias outras hortaliças no final da Idade Média, e, um pouco depois, a introdução de bebidas não alcoólicas (chá, café, chocolate) e também de bebidas alcoólicas destiladas às quais o inglês bebedor de cerveja não estava acostumado. Contudo, é curioso como a grande importância dos alimentos é raramente reconhecida. Veem-se estátuas por toda parte de políticos, poetas, bispos, mas nenhuma de cozinheiros, defumadores de bacon ou hortelões.

O caminho para Wigan Pier – George Orwell


Cíntia ressalta que estamos em um espaço de explorar essa importância. Estudar a comida e reconhecê-la como algo que mexe com todas as engrenagens da sociedade é o que nos uniu neste evento.


A comida é um fato social total. Quando a gente estuda a comida, a gente pode ver vários aspectos, da fome, da agricultura e sua relação com o meio ambiente, da distribuição de riquezas, das questões políticas… Enfim, relaciona-se com tudo que estamos vivendo no mundo inteiro. O alimento nos integra, nos classifica, nos distingue, nos nutre e molda o mundo. A comida é algo que a gente coloca dentro da gente que nos forma e nos transforma. Cada célula nossa já passou pelo alimento.

O processo de formação pelo qual os participantes percorreram ao longo do curso e os projetos gerados são muito importantes nesse contexto. Cada micro movimento é importante para apoiar a mudança.

A comida pode mudar o mundo, e sempre mudou. Nada seria como foi, se não fosse a relação com o alimento, a agricultura e tudo mais. Não é à toa que o que a gente recebe pelo trabalho se chama “salário” e vem de um alimento. Assim, estudar o alimento é estudar como mudar o mundo.

Após a fala de abertura, tivemos as rodadas de apresentações e comentários. Os projetos apresentados foram relacionados aos temas: Circuito Curtos, Cultura e Ancestralidade, Hortas e Agricultura Urbana, Desperdício de Alimentos e Educação Alimentar.



Confiram e compartilhem ;D Contamos com vocês para espalharem e alimentarem essas coisas lindas.


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